
A bússola já nem indica o norte, anda às voltas e voltas sem parar e, com ela, leva a minha cabeça nesse rodopio constante. Range de dor e de cansaço, a agulha só quer parar, parar de escolher caminhos, parar de definir direções, só quer parar aquele desafio constante de mostrar um caminho. E não pára! Nem se atreve a parar! Não se atreve a desenhar um destino, não se atreve a ajudar-me! Esta bússola é injusta, leva-me com ela nesta louca dança, neste louco e infinito rodopio e faz-me girar cada vez mais. Faz-me caminhar sem norte, sem direção, e por mais que eu ande, por mais que eu tente andar, acabo sempre aqui, neste mesmo sítio, neste velho quarto, nesta velha cadeira.
E por mais que o tempo passe nada muda, estou numa máquina do tempo onde o tempo está congelado. Já não conseguimos ser nós a parar o tempo, porque este também segue a trajetória da bússola, volta sempre ao passado, e ao contrário desta, ele pára. Pára e fica parado, não tem vontade de avançar, fica a descansar no passado... A rir-se de mim! A vingar-se como se vinga a vida! Senta-se no passado e vê-me sofrer, na sua cara está um sorriso de satisfação, solta gargalhadas maléficas e ainda me olha com desprezo. É agora! Infelizmente, chegou a hora! Todos os meus inimigos se uniram contra mim, entraram-me nas veias, perfuraram-me o coração, mas só ao manipularem-me o pensamento é que conseguiram acabar com tudo o que sempre queriam...
E assim me encontro, aqui, nesta sala velha, neste mundo velho, nesta memória antiga... Assim me encontro, perdida, nesta batalha quase esquecida...
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